João Carlos Lopes dos Santos
Volta e meia, as pessoas me pedem soluções para revitalizar o mercado de arte. Apresento idéias; é o máximo que posso fazer, posto que fique bem claro: não tenho varinha de condão, tampouco fórmulas mágicas.
Acredito mais nas propostas e idéias simples, pois tenho medo das complexas, já que a vida me ensinou que, se a solução não for simples, de certo, ela criará novos problemas.
Quase como um clichê, ao responder tais questões, lembro que não se pode esperar muito de um mercado que não dispõe de formação específica para o profissional que nele opera.
Formação profissional do marchand
Além de não termos cursos de formação de marchands, não há em nenhuma escola ou curso livre de belas artes a cadeira mercado de arte. Também, não dispomos de uma associação que congregue os marchands, em qualquer âmbito, municipal, regional ou nacional.
Mesmo assim, sabe-se lá como, temos um mercado de arte que, volta e meia, dá sinais de fantástica vitalidade, mesmo com os sucessivos governos não ajudando muito. Não estou falando de incentivos fiscais ou de qualquer outra tutela governamental, pois sou contra esse tipo ajuda - digo isso no capítulo 19 do Manual do Mercado de Arte -, gostaria, apenas, que os governos não nos atrapalhassem e nos dessem a tranqüilidade de uma economia sadia em todos os sentidos. A rigor, a saúde de qualquer mercado só depende disso.
A união faz a força
Mas será que é só isso? De certo que não é; antes da falta de formação, de informação e de terreno fértil - fatores que, de uma forma ou de outra, temos contornado -, o que fundamentalmente nos falta, de uns 10 anos para cá , é a UNIÃO do mercado de arte em todos os seus seguimentos e, também, como um todo.
Antes, era comum, nos finais de semana, a reunião dos artistas em churrascos e feijoadas, quando desenvolviam seus trabalhos e se confraternizavam. Assim, os artistas trocavam idéias, experiências, informações; criavam grupos, núcleos, cooperativas, associações, etc. Hoje, o artista plástico vive isolado em seu ateliê.
Da mesma forma, até o final dos anos 80, os marchands se reuniam em bares e restaurantes, após os leilões de arte ou, nos finais de tardes, em diversas galerias de arte. Freqüentemente, formavam grupos e viajavam para São Paulo e os de São Paulo vinham em caravana para o Rio.
Na década de 80, os mercados do Rio e de São Paulo eram uma coisa só. Trocava-se tudo: idéias, experiências, informações e obras de arte. Os decanos transmitiam conceitos para os novatos. Não havia escola, mas se passava a tradição; agora, nem uma coisa nem outra, é cada um por si e Deus por todos.
As galerias de arte, mensalmente, organizavam eventos de todos os tipos. Plantavam para colher; hoje, tratam o mercado como uma indústria extrativa.
Desculpem-me, mas não tem outro jeito, tenho que terminar com uma expressão surrada, que no mercado de arte quase ninguém conhece: a união faz a força...
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