sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Anna Maria Niemeyer é homenageada em grande exposição no Paço Imperial com obras do seu acervo e dos mais importantes artistas contemporâneos



A partir do dia 11 de dezembro de 2012, a cidade do Rio de Janeiro vai ganhar uma grande exposição em homenagem à Anna Maria Niemeyer, que, por mais de três décadas (1977-2012), foi referência no mercado de arte brasileiro. 

Com curadoria de Lauro Cavalcanti, a mostra “Anna Maria Niemeyer: um caminho” acontecerá no Centro Cultural Paço Imperial, com o apoio do MAC de Niterói, do MAM-RJ e da Fundação Oscar Niemeyer. 

O Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Helio Portocarrero, João Sattamini, Gilberto Chateaubriand, Victor Arruda, Chico Cunha, Nelson Elzirik, a Associação de Amigos do Paço Imperial e o Paço Imperial convidam para a inauguração da exposição.

Farão parte da mostra cerca de 180 obras (inclusive mobiliários de Anna e de Oscar Niemeyer), algumas de sua própria coleção, outras de artistas ou de colecionadores particulares que, de alguma forma, fizeram parte da história da Galeria Anna Maria Niemeyer. Trinta e seis das obras a serem apresentadas na mostra pertencem a Coleção Sattamini/MAC de Niterói, grande colecionador e amigo de Anna. Gilberto Chateubriand, outro querido amigo dela, participa com dezoito obras que hoje estão sob a guarda do MAM-RJ em regime de comodato.

O Paço Imperial sempre teve um papel importante na vida de Anna Maria. No início dos anos 90, a galerista e parte de sua equipe iam para conhecer e catalogar as obras que pertenciam a seu grande amigo João Sattamini. A Coleção Sattamini, reunida pela primeira vez, foi apresentada em 1992 na exposição “A Caminho de Niterói”, com curadoria de Victor Arruda. O resultado foi tão positivo que, no ano seguinte, aconteceu “A Caminho de Niterói II”, que teve Ruben Breittman como curador. E, realmente, a coleção foi em direção à Niterói. 

A importância daquela fundamental reunião de arte foi uma alavanca para o conhecimento público do particular e importante acervo que viria a integrar o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói (ainda em processo de construção) que foi inaugurado, no ano de 1996, especialmente para este fim. E isso só foi possível, pois Anna Maria intercedeu junto ao pai Oscar Niemeyer e a seu amigo Ítalo Campofiorito, então Secretário de Cultura de Niterói, no governo de Jorge Roberto Silveira. 

“Em um só gesto, portanto, Anna Maria perenizou a coleção Sattamini, fez o meio artístico redescobrir o Paço e ensejou o aparecimento de uma nova instituição, cuja arquitetura se inscreve no melhor da obra madura de Oscar Niemeyer”, afirma Lauro Cavalcanti.

Alguns artistas vão ganhar salas e paredes especiais. Mas ninguém vai ficar de fora, afinal foram cerca de 365 exposições individuais que mostraram mais de 260 artistas. Como foram trinta e cinco anos de vida artística, há muito a ser mostrado. Então, vai ter também projeção de trabalhos, que não puderam ser captados – em virtude do curto espaço de tempo –, ou alocados no espaço, bem como algumas fotos de Anna Maria Niemeyer.

Obras de Beatriz Milhazes, Jorge Duarte, Efrain Almeida, Chico Cunha, Eliane Duarte, Jorge Guinle e Victor Arruda, estes três últimos lançados por ela, não poderiam faltar. Aliás, Jorge Guinle, o pintor morto em 1987, filho do playboy Jorginho Guinle, sofreu muitas críticas no início da carreira. Anna Maria, conhecida pelo seu ‘olhar aguçado’ para a arte e livre de preconceito, apostou no trabalho de Jorge. Ela estava certa. Ele se tornou um dos precursores da chamada Geração 80. 

Ana Miguel, Camille Kachani, Carlos Scliar, Carlos Zilio, Ceschiatti, Cristina Canale, Deneir, Edmilson Nunes, Fábio Carvalho, Farnese de Andrdade, Fátima Villarin, Gastão Manoel Henrique, Isaura Pena, João Magalhães, José Patrício, Katie van Scherpenberg, Luciano Figueiredo, Luiz Alphonsus, Marco Túlio Resende, Marcos Benjamim, Marcos Cardoso, Mário Azevedo, Mário Cravo, Mônica Barki, Mônica Sartori, Sante Scaldaferri, Nelson Leirner, Quirino Campofiorito, entre muitos outros, estarão presentes com obras na exposição.

Anna Maria Niemeyer e Oscar Niemeyer

A relação destes dois não poderia deixar de ter um capítulo especial. Relação esta que não se limita apenas à esfera familiar. Única filha de Oscar Niemeyer, Anna Maria era grande parceira profissional do pai, contribuindo em diversos projetos arquitetônicos, antes de ser tornar uma admirada marchand. Dedicou-se à ambientação de interiores, tendo realizado inúmeros projetos como funcionária da NOVACAP, entre eles: os Palácios da Alvorada e do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Juntos, estudaram uma linha de móveis que são produzidos no Brasil e foram (alguns deles e durante algum tempo) também fabricados na Itália, tendo sido em ambos os casos expostos em espaços como o Centre Georges Pompidou, em Paris, e o Chiöstro Grande, em Florença; além de diversos museus brasileiros. 

Mais tarde retornou à arquitetura de interiores, e na maioria dos projetos, em conjunto com sua filha (arquiteta e sócia minoritária na galeria) elaborou os projetos de ambientação dos prédios: SESC-Copacabana, Residências de Orestes Quércia (SP) e de Sebastião Camargo (DF), Memorial da América Latina, Parlamento Latino-Americano, Superior Tribunal de Justiça, Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte Contemporânea de Niterói,  além de alguns projetos para Itaipu Binacional. Assim como lançou e geriu a produção de outros artistas, também se dedicou a transformar o genial arquiteto em um artista e, assim, a vida toda cuidou do acervo de Oscar, sendo responsável pela edição de suas serigrafias (desde 1978) e esculturas (desde 1999) e, em 2003, apresentou pela primeira vez os desenhos do pai – então produzidos e comercializados com caráter de obra de arte, apresentados na bela exposição “Desenhos croquis e uma escultura”. E é, claro, obras dele estarão expostas também.

A mostra será apenas uma demonstração do importante percurso cultural de Anna Maria Niemeyer, que começou, em 1977, com a Galeria Anna Maria Niemeyer, no bairro do Leblon, Zona Sul carioca. Em 1979 mudou-se para o Shopping da Gávea e, desde janeiro de 2006, incluía ainda uma filial, na Praça Santos Dumont, na Gávea. Nestes 3 espaços, mostrou com regularidade e critério a arte contemporânea brasileira e realizou centenas de exposições individuais, seletas coletivas e alguns lançamentos de livros relacionados à arte e à cultura. Após sua morte, no dia 6 de junho deste ano, as duas galerias encerram suas atividades. Nesta homenagem, o público vai perceber a importância do legado de Anna Maria e descobrir que a arte não morre jamais!

Serviço
Exposição “Anna Maria Niemeyer: um caminho”
Abertura: dia 11 de dezembro (terça-feira), às 18h30
Visitação: de terça a domingo, das 12 às 18 horas
Em cartaz até 17 de fevereiro de 2013
Centro Cultural Paço Imperial 
1º e 2º  pavimentos
Praça XV de Novembro, 48 – Centro do Rio
Informações: 2215-2622

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