Hora do Brasil
Ao
selecionar as obras de Fernando Duval, constantes na presente exposição, a
opção da curadoria ocasionou para que a galeria Garagem de Arte Stockinger
exibisse um corte expressivo e panorâmico no universo pessoal do artista. Nela,
será a ocasião de apreciar a maturidade, domínio de linguagem e técnica do
artista através de alguns de seus incontáveis personagens, fauna e flora, mapas,
paisagens e aspectos astronômicos.
Criador
de um mundo imaginário, o "Wasthavastahunn", Fernando Duval trilhou um caminho
longo que, desde sua juventude, existe há mais de cincoenta anos e neste
trabalho contínuo, estabeleceu uma obra cultuada e original, viva,
permanentemente in progress.
O
tempo apontará o artista como um dos mais brilhantes criadores em todo o
mundo e a um nível tão alto e próspero de criação que desde agora podemos,
por exemplo, alinhá-lo (e é terrível fazer paralelos..) a um Xul Solar, um
Ismael Nery, sem com isso assinalar alguma influência desses igualmente
excepcionais artistas. Não. Duval impõem-se por haver criado seu alfabeto humano
pleno de personalidades bizarras, através das quais executa um "julgamento"
demonstrado em incontida crítica de sutil ironia, por vezes impiedosa e ao mesmo
tempo terna, mas perpassada por traços filigranados onde a delicadeza exibe um
contraste surpreendente e cativante.
Além
de percebermos, por causa do humor reinante, um determinado caráter lúdico em
muitos trabalhos e um acento "literário" porque (no fundo) nos conta uma longa
história, não nos iludamos. Fernando Duval projeta em seus personagens tudo e
muito do que conhecemos das mazelas e alegrias humanas e esse senso de
observação acurado é que nos transporta a esse outro plano, a esse universo
imaginário mas possível, o "Wasthavastahunn". É lá que vamos encontrar seus
personagens centrais como na rigidez da postura majestática do "Gabbinoso" e na
elegância de "Ada Andes"; mas também os "Veneráveis Venérius e Magállius",
"Capólogo Sechetti" e "Marifalda Bussoleta".
Fernando
Duval assinala ser a vida cultural do seu "Wasthavastahunn" dominada por oito
instituições principais: "Capologia", "Concretus Runs Tabboi", "Jogo do
Gabbantino", "Sistema Denckler", "Fundação Andraten", "Museu Gallimerda",
"Institutos do Silêncio" e "Comissão Rélibus Comendatis", como podemos perceber
trata-se de um universo de alta complexidade.
Concluiu-se
que o "Wasthavastahunn" existe, ele é um fato...você já observou em torno? Às
vezes ele está ao alcance de um simples olhar ou arquivado/guardado em sua
memória...
A
obra de Fernando Duval foi exaustivamente analisada pelo crítica de arte
nacional por nomes de relevância como Antônio Bento, Jacob Klintowitz, Marc
Berkowitz, Walmir Ayala, Geraldo Edson de Andrade, Jayme Maurício e outros, e
exposta em diversos países como Itália, França, Uruguai, Argentina, Bolívia,
Espanha, Alemanha, Suiça, Portugal e Estados Unidos onde foi editado o livro "At
the Mountains of Madness", de H.P. Lovecraft, com ilustrações do artista.
Rio
de Janeiro, setembro de 2013.
RENATO
ROSA
Curador/Coautor
do "Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul", Editora da
Universidade, UFRGS, 1999.
Renato Rosa
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renatorosa09@gmail.com
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