terça-feira, 3 de maio de 2011

Quadro de Mário de Andrade vai a leilão hoje na Sotheby's de Nova York.

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Folha de S.Paulo - São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011



Quadro de Mário de Andrade vai a leilão

Tela de André Lhote, que pertencia ao modernista e influenciou Tarsila do Amaral, será vendida hoje em NY

Peça com lance mínimo de R$ 785 mil decorou a sala do poeta a partir de 1923, mas estava em Paris desde os anos 80

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Desde que foi pintado em 1920, o quadro "Futebol", do francês André Lhote, só foi exposto duas vezes: uma no Salão de Outono, em Paris, três anos depois, e outra no Rio, há quase 30 anos.

Mas a notícia de que essa tela vai a leilão hoje à noite na Sotheby's em Nova York parece ter reavivado seus méritos entre os críticos com certo furor antropofágico.

Talvez pelo tema e pela depuração da forma -um cubismo tardio que marcava a transição para outras vanguardas-, esse quadro foi comprado em 1923 por Mário de Andrade e permaneceu no Brasil por 50 anos.

Quem intermediou o negócio foi Tarsila do Amaral, então aluna de Lhote em Paris. Pagou 250 francos pela peça, que veio a adornar a sala de seu amigo modernista.

"Imagina a influência desse quadro dentro da casa do Mário de Andrade desde os anos 20", comenta o crítico de arte Jorge Coli à Folha. "Esse é um quadro capital."

No rastro da Semana de Arte Moderna, em 1922, "Futebol", mesmo não exposta em museus e galerias, estava no centro do campo de visão dos artistas que vinham se articulando em São Paulo.

"Isso influenciou muito a própria concepção do Mário de Andrade sobre o que deveria ser a arte moderna", diz Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP. "Mas o fato desse quadro ter convivido com os modernistas redimensiona essa obra para além de ser só um trabalho do Lhote."

Superdimensionada, a tela ficou de fora das doações que herdeiros de Andrade fizeram ao Instituto de Estudos Brasileiros da USP em 1968. Acabou sendo vendida e, nos anos 80, reapareceu noutro leilão da Sotheby's, em Londres.
Lá, ela foi arrematada por um colecionador francês por cerca de R$ 260 mil e esteve em Paris até agora. Na venda de hoje, em Nova York, o lance inicial é de R$ 785 mil.

É um valor "conservador" na avaliação de August Uribe, do departamento de arte moderna na Sotheby's. "Há muito interesse de colecionadores do mundo todo, esse valor deve ser ultrapassado", diz Uribe à Folha. "É um quadro fantástico, e esse tema também interessa muito."

"Futebol", como ficou conhecida no Brasil desde os anos 20, será vendida agora como "Les Joueurs de Rugby", novo nome da tela referente a um esporte mais vendável na arena internacional, segundo a Sotheby's.

Folha de S. Paulo - São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011



Tarsila está no centro de outra disputa

DE SÃO PAULO

Existe um ponto em comum entre a venda de hoje em Nova York e a última incursão da presidente Dilma Rousseff nas artes visuais: Tarsila do Amaral.

Sem saber que "Futebol", do mentor de Tarsila, já está fora do país há duas décadas, críticos fazem campanha para que ela fique no Brasil. Enquanto isso, Dilma frisou que tentaria repatriar o "Abaporu", hoje numa coleção argentina, quando a tela foi para mostra em Brasília. (SM)

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