segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Rio de Janeiro > De 7 de dezembro a 16 de fevereiro, no MAM-Rio, a exposição "Pintar a China Agora

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Pintar a China Agora

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro [MAM Rio]
Foyer
Abertura: 7 de dezembro de 2013, às 15h
Exposição: Até 16 de fevereiro de 2014
Curador: Luiz Camillo Osorio
Realização: MAM Rio
Mantenedores do MAM: Petrobras, Light e Organização Techint


O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Petrobras, a Light e a Organização Techint apresentam, de 7 de dezembro de 2013 a 16 de fevereiro de 2014 a exposição “Pintar a China Agora”, dos artistas tcheco-finlandeses Ondrej Brody e Kristofer Paetau. A mostra, que será apresentada no Foyer do Museu, terá uma única instalação composta por um conjunto de 30 pinturas em óleo sobre tela, feitas a partir de fotografias de membros da seita religiosa Falun Dafa, que retratam vítimas de tortura praticada na China. A instalação, que é inédita no Brasil, foi montada pela primeira vez na Bélgica, em 2007, e depois apresentada na Holanda, em 2008, na Polônia, em 2010 e na Alemanha, em 2011.

“Pintar a China Agora lida com um tema incômodo, mas necessário: a perseguição política e a tortura. A dificuldade é como fazer destas imagens algo mais do que mera denúncia. Não que ela não seja necessária, mas acrescentar-lhe camadas críticas dá à estratégia artística uma complexidade e uma intensidade importantes”, diz o curador Luiz Camillo Osorio.

Os 30 quadros que compõe a instalação medem 30cm x 40cm cada e foram pintados na China, por “fábricas de pinturas” que fizeram cópias das fotografias existentes. Os artistas contam que entraram em contato com 20 dessas empresas, comuns no país, mas que apenas duas delas aceitaram a encomenda. De acordo com os artistas, essas imagens são censuradas na China. “São conhecidos os ateliês chineses onde pintores fazem cópias de quadros do cânone ocidental. A reprodução fiel e adocicada destes copistas sempre foi o lugar do consenso. Eles trocam aqui de lado, assumem o desconforto diante do que não deve ser visto. A dificuldade de todos nós, saudável, é claro, de ver o terrível, é elevada à última potência. O kitsch a serviço do dissenso. O incômodo, o intragável, servido com aparência de coisa trivial”, ressalta Luiz Camillo Osorio.

A seita Falun Dafa, que já conta com setenta milhões de adeptos desde sua criação no começo dos anos 1990, é um grupo perseguido no país por suas práticas espirituais e seu rápido crescimento, diz o curador. As imagens foram encontradas por Ondrej Brody e Kristofer Paetau em um site americano.

O curador relata que para os artistas foram três os objetivos na realização deste projeto:
1. Denunciar os crimes políticos no campo da arte (ab)usando dos meios comerciais existentes de produção de pinturas na China e (ab)usando da liberdade e da linguagem da arte visual que pretende deixar as obras falar por si mesmas;
2. Desafiar as próprias empresas chinesas de pinturas comerciais (capitalismo contra ideologia comunista); e
3. Criticar o mundo da arte em plena euforia com o mercado chinês: o  exotismo e o desejo dos galeristas de conquistar o mercado de colecionadores chineses.

“A obra reproduz aquilo mesmo que ela pretende questionar e criticar – chamando a atenção do público sobre problemáticas de política, poder, economia, tradições e preconceitos. A obra mostra a hipocrisia do mundo ocidental diante de um país totalitário e parceiro incontornável de negócios. O nosso ‘problema’ com a China está longe de ser resolvido e o mundo da arte ocidental não está isento desse problema”, afirmam os artistas.

Esta é a terceira exposição dos artistas no Brasil, que já apresentaram exposição individual no Centro Cultural Sérgio Porto, em 2012, e participaram de uma mostra coletiva do MAC de Niterói, em 2007. Os artistas possuem obras nas coleções de importantes museus no Brasil e no exterior, como MAC de Niterói; Museu da República; Museo Tambo Quirquincho, na Bolívia; Kunsthallen Nikolaj, na Dinamarca; MoCa Museum of Contemporary Art, na África do Sul, entre outros.

Serviço: Pintar a China Agora
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Abertura: 7 de dezembro de 2013, às 15h
Exposição: até 16 de fevereiro de 2014
Realização: MAM Rio
De terça a sexta, das 12h às 18h.
Sábado, domingo e feriado das 12h às 19h.
Ingresso: R$12,00
Estudantes maiores de 12 anos: R$6,00
Maiores de 60 anos: R$6,00
Amigos do MAM e crianças até 12 anos: entrada gratuita
Quartas-feiras a partir das 15h: entrada gratuita
Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$12,00
Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85
Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140
Telefone: 21. 3883.5600


Mais informações: CW&A Comunicação
                               Claudia Noronha / Beatriz Caillaux / Marcos Noronha
                               21 2286.7926 e 3285.8687

                               claudia@cwea.com.br / beatriz@cwea.com.br / marcos@cwea.com.br






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Pintar a China Hoje, da dupla de artistas Checo-Finlandesa Brody e Paetau, lida com um tema incômodo, mas necessário: a perseguição política e a tortura. A dificuldade é como fazer destas imagens algo mais do que mera denúncia. Não que ela não seja necessária, mas acrescentar-lhe camadas críticas dá á estratégia artística uma complexidade e uma intensidade importantes. O processo de criação destas imagens faz atravessar ao documento político uma camada nova de política, que desloca e revela formas de produção, de circulação e de visibilidade das imagens em uma China capitalista e fechada ao dissenso.

Em 1989 o mundo dividiu-se entre a comemoração pela queda do muro de Berlim e o luto pelo massacre da Praça da Paz Celestial em Pequim. Definiram-se ali dois caminhos distintos para o antigo mundo comunista: um focado na liberalização democrática (Europa do Leste); o outro na pujança capitalista (China). Infelizmente, as atenções parecem voltadas para o segundo, o “bem sucedido”. A China é um gigante assustador – com PIB e censura crescentes. Como lidar com este império hoje? Que imagem fazemos dela e como lidar com suas contradições?

As pequenas pinturas apresentadas exploram estas contradições através do uso dado às imagens. Contradição que se explicita pela combinação do grotesco com o kitsch. São conhecidos os ateliês chineses onde pintores fazem cópias de quadros do cânone ocidental. A reprodução fiel e adocicada destes copistas sempre foi o lugar do consenso. Eles trocam aqui de lado, assumem o desconforto diante do que não deve ser visto. A dificuldade de todos nós, saudável, é claro, de ver o terrível, é elevada a última potência. O kitsch a serviço do dissenso. O incômodo, o intragável, servido com aparência de coisa trivial.

A estratégia dos artistas Ondrej Brody e Kristofer Paetau explora também as idiossincrasias chinesas. Tiveram acesso a fotografias de tortura contra dissidentes na China. Entraram em contato com vinte ateliês de reprodução para copiá-las seguindo o padrão normal das reproduções. Só dois aceitaram fazer as cópias. Parte delas está aqui presentes, elas (também) pintam a China hoje. Perversão da norma política: copiar o proibido. Perversão da norma artística: potencializar a cópia. Perversão da norma da representação: dissociar forma e conteúdo.

As imagens foram encontradas em um site americano sobre o grupo espiritual Falun Dafa, perseguido na china por suas práticas espirituais e seu rápido crescimento, já conta com setenta milhões de adeptos desde sua criação no começo dos anos 1990. Segundo os artistas, três foram os objetivos na realização deste projeto; 1- denunciar os crimes políticos no campo da arte (ab)usando dos meios comerciais existentes de produção de pinturas na China e (ab)usando da liberdade e da linguagem da arte visual que pretende deixar as obras falar por si mesmas; 2) desafiar as próprias empresas chinesas de pinturas comerciais (capitalismo contra ideologia comunista); 3) criticar o mundo da arte em plena euforia com o mercado chinês: o  exotismo e o desejo dos galeristas de conquistar o mercado de colecionadores chineses.

Pintar a China Hoje é não saber o que se está vendo, é a dificuldade de reconhecer-se no que é dado a ver; é a pintura do outro pelo outro. Brody e Paetau, copistas chineses, corpos torturados, estética kitsch. É na composição destes elementos heterogêneos que encontramos o inquietante. Mais do que denúncia é a ferida traumática do que não pode ser naturalizado. Recado final ao nosso visitante: desculpem-nos o incômodo, o mundo não está para amadores. 

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