segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

São Paulo > Casa França-Brasil apresenta a partir do dia 03 de dezembro de 2013, as exposições “Tronco”, de Afonso Tostes, e “Estudo para medir forças”, do artista paulista Ivan Grilo.

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Afonso Tostes – Tronco


Casa França-Brasil, Rio
Abertura: 03 de dezembro de 2013, às 19h
Até 9 de fevereiro de 2014
Curadoria: Bernardo Mosqueira
Realização e patrocínio: Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro,
Casa França-Brasil e Citroen
Produção:Tisara
Entrada franca

A Casa França-Brasil, instituição da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, apresenta a partir do dia 03 de dezembro de 2013 a exposição “Tronco”, com obras inéditas do artista Afonso Tostes, um dos nomes destacados da arte contemporânea brasileira. Com curadoria de Bernardo Mosqueira, Afonso Tostes vai mostrar o resultado da pesquisa iniciada há um ano, que teve como ponto de partida a descoberta de um paiol centenário, na Região da Mata, em Minas Gerais, construído em madeira de lei por escravos. Em Minas, paiol é a palavra usada para celeiro, além de seu significado de depósito de pólvora, munição e mantimentos.

Conhecido por seu trabalho de escultura em madeira onde a arquitetura era incorporada ao trabalho, Afonso Tostes soube que havia um desmonte de um paiol em Minas para a venda de suas madeiras. Ao chegar ao local, ficou impactado com a visão das madeiras empilhadas, e, na contramão de sua trajetória, ao invés de pensar em esculpir uma a uma as toras oferecidas, decidiu pelo inverso: iria remontá-lo, dar vida novamente à estrutura de cerca de duzentos anos de existência. Após negociação com a família dona da construção por mais de seis gerações, e que armazenava grãos de milho, ele trouxe todos os seus elementos para um espaço no Galpão das Artes, na Gamboa, a fim de reconstruí-lo mantendo toda a sua concepção original, onde não há pregos e sim encaixe das madeiras. Para ressaltar a ideia de dar vida à estrutura em si, o artista poliu cuidadosamente seu piso, destacando a beleza da madeira original.

O paiol centenário, com seus nove metros de comprimento, sete de largura e três de altura, ocupará o espaço central da Casa França-Brasil, e terá pequenas intervenções escultóricas feitas pelo artista. Ele estará suspenso por sapatas a um metro do chão, em uma referência às colunas de pedra revestidas de madeira do edifício construído por Grandjean de Montigny (1776-1850), e inaugurado em 13 de maio de 1820 por D. João VI como a primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro. O espaço interno do paiol não será ocupado, para acentuar a dimensão da imponência e importância histórica de sua estrutura, e dos que a construíram. “Um lugar para se guardar ideias, por exemplo”, sugere o artista, que pretende com ele “levar ao público o interior do Brasil e sua história, que a gente desconhece”.

Na lateral direita do espaço central estará a escultura “Árvore”, um tronco reto com cinco metros de altura, e três peças esculpidas.

Na área externa à esquerda, Afonso Tostes fará um site specific com galhos de árvores, desdobramento da série “Reino” iniciada pelo artista há dois anos.



FOGO ANCESTRAL
Na primeira sala lateral estarão nove pinturas em óleo sobre tela com imagens de fogo e fogueiras, feitas a partir de fotografias que o artista fez em incursões de barco pela Baía de Guanabara, quando estava criando o cenário para a peça “Orestia”, de Ésquilo, encenada ano passado com direção de Malu Galli. Nesta série de pinturas, Afonso Tostes faz alusão ao fogo como elemento ritual, presente em várias mitologias. Na obra teatral, o fogo servia de comunicação entre as ilhas para avisar da vitória de Grécia sobre Tróia.  Na lenda que cerca Caramuru (o português Diogo Álvares Correia, 1475- 1557) ele teria “incendiado a água”, ao atear fogo sobre um óleo jogado na água. As pinturas remetem à comunicação, ao aviso de algo que está chegando e à prática ritual do artista em produzir mais trabalhos do que vai aproveitar, queimando em uma gamela de bronze os que considera excedentes. As paredes da sala serão pintadas em azul escuro, quase preto para acentuar o contraste com as cores usadas nas telas. 
 
FERRAMENTAS
Na outra sala lateral estarão mais de uma centena de ferramentas de trabalho, já bastante usadas, recolhidas em locais os mais variados – nas imediações de onde estava o paiol, canteiros de obra abandonados ou inativos, fazendas no interior de Minas e até na Praça XV, no Centro do Rio. O artista esculpiu os cabos das ferramentas de modo a que parecessem ossos, como “a extensão dos braços de quem a usou”. Com as esculturas nos cabos, a função primordial das ferramentas é substituída por uma visão poética, que evidencia o que está invisível, o esforço do trabalho empregado. “A ferramenta pode estar mais frágil, ter perdido sua função, mas passa a trazer o que é mais forte em nós, os ossos”. Ao usar a forma do osso, o artista também chama a atenção para “o que está por baixo”, “não revelado”, “o essencial, como sentimentos, família, afeto”.

O artista está dedicado há um ano à produção de obras para a exposição na Casa França-Brasil. Ele observa que o espaço do seu ateliê é usado para acumulação, onde leva tudo o que supõe que pode se desenvolver em um futuro trabalho. São várias frentes possíveis, “ao mesmo tempo, em germinação, em tensão”, desenvolvidas em desenhos, pinturas, fotografias, esculturas. “Quando surge uma exposição, busco dentro deste espaço e tempo o que mais se aproxima do que estou vivendo, e assim coisas que ainda não eram trabalho passam a ser”.

Serviço: Afonso Tostes – Tronco
Abertura: 03 de dezembro de 2013, às 19h
Até 16 de fevereiro de 2014
Curadoria: Bernardo Mosqueira
Mesa-redonda e lançamento do catálogo, com a participação do artista, do curador e convidados: 01 de fevereiro de 2014, sábado, às 18h
Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78, Centro, 20010-060, Rio de Janeiro
Terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Entrada franca
Telefone: 21.2332.5120
Bicicletário no local

Mais informações: CW&A Comunicação
                              Claudia Noronha / Marcos Noronha / Beatriz Caillaux
                              21 2286.7926 e 3285.8687
                              claudia@cwea.com.br /marcos@cwea.com.br /      
                              beatriz@cwea.com.br


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A exposição se chama “Troncos” e é uma individual do Afonso Tostes, que é um artista mineiro que mora no Rio há muitos anos, que vai ocupar toda a área da Casa França Brasil. A produção do Afonso é muito reconhecida pelas pinturas de caveira com sgraffito nos anos 1990 e com as esculturas com troncos e madeiras reutilizadas, desde os anos 2000.

Nessa exposição, o grande trabalho é a remontagem dentro do salão central da Casa França Brasil de um paiol construído há 250 anos por escravos de uma fazenda na região de Chapéu D’uvas, próximo a Juiz de Fora. Na ocasião em que fomos visitar o tal paiol (já desmontado), percebemos que havia uma energia pulsando das madeiras. Cortamos lenha com um machado para esquentar o forno à lenha, comemos um galo branco da fazenda (pois não havia frangos), lembramos de um trabalho em que Afonso Tostes colocava fogo em telas pintadas a óleo sobre tecido algodão de uma gamela de bronze, ficamos sabendo que havia uma onça rondando a fazenda e fomos acompanhados por um par de gaviões por grande parte da viagem entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro.

Chegando no Rio, comecei a pesquisar algumas questões do negro no Brasil (hoje, há 125, e há 250 anos) e acabei me debruçando inicialmente sobre o candomblé. Descobrindo que o Brasil é reconhecido como a nação de Xangô, fui estudar este orixá e descobri que o machado é seu símbolo, galo branco é seu alimento, o ajerê é a dança de xangô com uma gamela de bronze com algodão e óleo pegando fogo sobre a cabeça, o leopardo é seu animal, assim como o gavião é o animal de Aganju. Eu fui ao meu pai de santo e entendi que essa exposição era um trabalho pra Xangô. Afonso foi ao seu pai de santo e confirmou.

De alguma forma, entendemos que essa seria uma exposição de esculturas e pinturas, mas que seria inevitável falar das questões do negro no Brasil hoje. Remontar esse paiol (que foi construído por escravos e utilizado por eles por 125 anos) dentro da Casa França-Brasil (na zona portuária do Rio de Janeiro, a poucos metros do Cais do Valongo, da Pedra do Sal, por onde chegou grande parte da diáspora africana e por onde se originou o samba e o candomblé cariocas) é uma ação com vontade de acerto de contas histórico. O que vamos fazer é revalorar um monte de madeira, remontar o paiol e dar forma ou construir um monumento ao negro e ao Brasil rural. Se mostrou imperativo, por convicção política e orientação espiritual, fazer o público receber a história da vida desse paiol.
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Casa França-Brasil – Projeto Cofre

Ivan Grilo – Estudo para medir forças

Casa França-Brasil, Rio
Abertura: 03 de dezembro de 2013, às 19h
Até 9 de fevereiro de 2014
Curadoria: Bernardo Mosqueira
Realização e patrocínio: Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro,
Produção:Tisara
Casa França-Brasil e Citroen
Produção:Tisara
Entrada franca


A Casa França-Brasil, instituição da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, apresenta a partir do dia 03 de dezembro de 2013 a exposição “Estudo para medir forças”, do artista Ivan Grilo, pensada especificamente para o Projeto Cofre, em cada o artista convidado faz um site specific no cofre existente na instituição. Com curadoria de Bernardo Mosqueira, “Estudo para medir forças” é composto basicamente por três elementos: um ventilador de alta potência, uma fotografi­a de um touro negro impressa em papel de baixa gramatura, e um elemento metálico dourado. “Toda a construção do trabalho se dá a partir da vivência e pesquisa realizadas na Ilha dos Lençóis, no arquipélago dos Maiaús, no Maranhão, dentro da pesquisa sobre o mito do Sebastianismo, que resultou recentemente na exposição ‘Sentimo-nos cegos’, na Luciana Caravello Arte Contemporânea e agora se desdobra nesta ocupação do cofre da Casa França-Brasil”, explica o artista.

Ivan Grilo conta que os três elementos do “Estudo” são pautados “nos mitos e realidades dessa vivência, e aqui se apresentem reorganizados de forma a criar um jogo de forças”. “Os binômios permanência/instabilidade e realidade/mito, ainda que extremamente simples, são parte fundamental da construção do trabalho, que também adentra a questões da fotogra­fia expandida”, diz.

MITO DO SEBASTIANISMO
Em 1554 nasceu o Príncipe Dom Sebastião, neto do Rei Dom João III e esperado pelo povo português como “O Desejado”. Filho do Príncipe Dom João, falecido antes de seu nascimento, subiu ao trono lusitano aos 14 anos. Dez anos depois, organizou uma cruzada ao norte da África com 500 navios e mais de 20 mil homens. Enquanto acontecia o combate, uma névoa desceu sobre a região marroquina de Alcácer-Quibir e, ao se dissipar, Portugal havia perdido dez mil homens para a morte, e o jovem rei, surpreendentemente, desaparecera.

Essa é a origem do mito do Sebastianismo, uma espécie de messianismo à lusitana baseado na crença de que, em alguma manhã no futuro, uma névoa entrará por Lisboa devolvendo ao solo português o Rei Sebastião, “O Encoberto” ou “O Adormecido”, que haverá passado todos esses séculos esperando a hora certa para voltar e salvar Portugal, construindo um reino de paz, riqueza e união.

“Acontece que Ivan Grilo passou os últimos anos pesquisando formas diferentes de lidar com fotografi­as de acervos institucionais e domésticos e, em importante parte de sua produção, sobrepôs superfícies não translúcidas às imagens apropriadas”, observa Bernardo Mosqueira. “Esse procedimento impedia que as imagens escolhidas por Grilo em longos e complexos processos de seleção fossem completamente vistas pelo público; porém, mais do que revelar parte da memória de uma instituição ou de uma família, Ivan estava interessado em alimentar nossa enorme e inevitável capacidade imaginativa. A partir de um dado momento, Ivan se lançou a pesquisar a ideia de névoa ou neblina e chegou a utilizar algumas vezes vidro jateado sobre a fotografi­a (às vezes apenas apoiado, outras vezes como parte da moldura). Pesquisando neblina, chegou até a história de Dom Sebastião”.

Ivan Grilo explica que o touro negro é a forma como Dom Sebastião se materializa na ilha maranhense, para seus habitantes. “Não há touros na pequena ilha de pescadores, e por isso quis me apropriar de uma imagem, sem buscar um touro específico”, diz. A foto pertence à série “Estudo para inventário”, que reúne a produção do artista relativa a sua viagem ao arquipélago dos Maiaús, impressa em papel de baixa gramatura, preso à parede apenas pelo vento. “Há um equilíbrio de forças na cena. O touro parece vir contra o vento, mas este o empurra de volta”, conta o artista. Se o ventilador for desligado, a imagem cai.


Serviço: “Projeto cofre: Estudo para medir forças – Ivan Grilo”
Abertura: 03 de dezembro de 2013, às 19h
Até 16 de fevereiro de 2014
Curadoria: Bernardo Mosqueira
Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78, Centro, 20010-060, Rio de Janeiro
Terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Entrada franca
Telefone: 21.2332.5120
Bicicletário no local

Mais informações: CW&A Comunicação
                              Claudia Noronha / Marcos Noronha / Beatriz Caillaux
                              21 2286.7926 e 3285.8687
                              claudia@cwea.com.br /marcos@cwea.com.br /      
                              beatriz@cwea.com.br

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