sábado, 30 de julho de 2011

Estamira > Com muita fama e nenhum poder, não teve um Albert Einstein ou um Sírio Libanês para se internar



São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

ESTAMIRA GOMES DE SOUSA (1941-2011)

Protagonista do filme "Estamira"

JULIANA VAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estamira Gomes de Sousa, ex-funcionária de um lixão que teve a vida retratada no documentário "Estamira", premiado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2004, morreu anteontem, aos 70, no Rio de Janeiro.

A causa da morte foi uma infecção generalizada.

Natural de Jaraguá (GO), trabalhava havia mais de 20 anos no aterro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, quando o diretor do filme, Marcos Prado, a conheceu.

Em 1996, Prado já ganhara um prêmio de fotografia pelos registros realizados por três anos no lixão. Continuou indo ao local e, em 2000, pediu para tirar fotos de uma mulher que viu no caminho.

Era Estamira. Ela, que sofria de distúrbios mentais, lhe contou que tinha uma missão: "Revelar e cobrar a verdade". Questionou o fotógrafo se ele sabia qual era a dele. Antes que respondesse, disse: "A sua missão é revelar a minha missão". Assim, ele decidiu rodar o filme.

Segundo o filho Ernane, a mãe continuou recebendo atenção do diretor mesmo após o lançamento do filme. Ganhava uma mesada. À Folha Prado afirmou que cuidou dela diversas vezes.

Sobre sua morte, contou: "Ela foi totalmente negligenciada, ficou horas sem ser atendida no [hospital] Miguel Couto". Ernane diz que a mãe esperou mais de cinco horas. O hospital informou que ela deu entrada na terça com quadro infeccioso grave e que recebeu todo o acompanhamento necessário.

Segundo o filho, o enterro será hoje, às 11h, no cemitério do Caju, no Rio.

coluna.obituario@uol.com.br


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