Nós éramos felizes
e não sabíamos
e não sabíamos
Mais um papo legal ocorrido no Carnaval de 2002, na varanda lá de casa, com o Brumel Delano – o meu alter ego virtual, aquele que mora no meu computador – e chegamos à conclusão de que éramos muito felizes e não sabíamos...
As frutas de outrora
O que vou lhes reportar, mais adiante, vai parecer aos olhos mais jovens como se fosse escrito em javanês.
Sapoti, tamarindo, pitanga, nêspera, amora, jabuticaba, abiu, romã, carambola, jaca, cajá, abacate, maracujá, goiaba, fruta de conde e as mangas espada, rosa e carlotinha. Eram essas as frutas tupiniquins que tínhamos no quintal da casa da minha infância, lá no Méier, bairro do Rio de Janeiro. Tinham sabores personalíssimos. A criançada as arrancava do pé e as comia sem lavar. Em nome do progresso, essas saborosas iguarias estão a caminho da extinção.
Ninguém joga pedra
Outro dia, meu sogro colheu umas mangas, com sabor de antigamente, numa mangueira do bosque de Nova Ipanema, condomínio onde moramos, no bairro carioca da Barra da Tijuca. Alguém a plantou lá, provavelmente, à revelia dos incorporadores, que, inexplicavelmente, em quase todo o empreendimento, plantaram amendoeiras.
Há uns anos, depois de ter o meu automóvel atingido por uma inútil amêndoa, conversando com um vizinho, soube que a existência das amendoeiras no nosso condomínio era explicada pelo fato de que, (sic) dando frutos absolutamente desprezíveis, evitava que as crianças subissem nas árvores ou lhes atirassem pedras. Fingi que entendi e fui embora, lembrando-me do ditado: Ninguém joga pedra em árvore que não dá frutos.
Sabor bem diferente
O sabor daquelas mangas me remeteu à infância. Nelas, senti o gosto da terebintina de sua casca, o que lhes dá um aroma especial.
Hoje, à exceção das incólumes bananas, laranjas e melancia, só se comem frutas alienígenas ou geneticamente modificadas: melões insípidos, figos raquíticos, peras d’água – que lhe empresta o gosto –, maçãs e ameixas com gosto de nada, uvas ácidas, tangerinas, caquis e mamões bem diferentes dos de outrora, cerejas, pêssegos e kiwis importados não sei de onde, lindas goiabas, enormes e sem bicho, mas muito duro de se comer, mangas maravilhosas de se ver, mas sem sabor. Tudo isso, produto de truques genéticos, de agrotóxico e outras químicas de última geração.
O futuro agradecerá
Quem tiver um pé de sapoti, goiaba, nêspera, pitanga, tamarindo, ameixa pingo de mel, amora, jabuticaba, abiu, romã, jaca, cajá, abacate, carambola, fruta de conde, manga e outras típicas de sua região, que as preserve e incentive o seu plantio. Assim, também, se combate a fome do povo e se alimenta os pássaros que estão soltos na natureza.
Existem pessoas que têm um quintal enorme e, muitas vezes, passam fome, mesmo com o capim entrando pela janela. Além da criação de galinhas, com os dividendos dos raríssimos ovos caipiras, saibam que alimentos como tomate, melancia, maracujá, cenoura, bertalha, aipim, entre outros, dão fácil e rápido, que nem chuchu na serra...
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