terça-feira, 16 de julho de 2013

No MAC de Niteroi, Alexandre Dacosta expõe pinturas, esculturas, impressões fotográficas e vídeos

Alexandre Dacosta abre a exposição “Percursos de Coexistências Improváveis”, no dia 13 de julho de 2013, às 17h, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Artista visual, músico, compositor, cineasta, ator e poeta, Dacosta, após lançar seus dois livros em 2011 (ADJETOS e [tecnopoética]), apresenta, nesta exposição, trabalhos realizados de 2007 a 2013. 

São pinturas, esculturas, objetos, vídeos conceituais e uma nova série chamada Úmido - Natura Mortis, que é uma homenagem à pintura clássica de naturezas mortas. “São 16 impressões fotográficas sobre tela de diversos objetos do cotidiano como produtos de limpeza, artefatos de cozinha, materiais de escritório e outros, ‘clicados’ através de um vidro opaco, que quando são impressos dão uma fluidez líquida de aquarela, cenas metafísicas que criam uma ilusão pictórica na trama do tecido”, comenta o artista.

Dez pinturas sobre tela e linho cru da série Tabela de Cor, realizadas de 2010 a 2013, também farão parte da mostra. São construções de um colorido denso, onde o espaço vazio da cor dialoga com linhas, manchas e figuras geométricas, e cada quadro tem sua escala de cor correspondente pintada, como uma alusão à tabela utilizada pelos fotógrafos quando registram uma pintura. “De 1986 a 1991, fiz uma série de pinturas que eram bem monocromáticas, em tons de vermelho, brancos com branco e cinzas claros, e os fotógrafos diziam ser difícil fotografá-las. Então, comecei em 1995, a fazer essa séria chamada Tabela de Cor”, explica Alexandre.

Nas esculturas de parede, ele utiliza a transparência do vidro como construtivas invenções que lembram um aparato quase científico. São utilizados grandes tubos, placas e diversos materiais como: borracha, metal, plástico, água – que habilitam experiências e que, pelos títulos, sugerem um mergulho intrínseco no desconhecido – Princípio de Incerteza, Nuvem de Probabilidade e Curva de Coexistência. “Essas esculturas pra mim tem uma fisionomia etérea, um aspecto de pleno enigma. Elas demonstram, por sua transparência e leveza, uma arqueológica nostalgia de um possível futuro”, afirma o artista.

Os Instrumentos Indecisos da série ADJETOS e poemas-objeto e poesias gráficas ampliadas do livro [tecnopoética] também serão mostrados por possuírem questões que sempre permeiam sua obra, como o humor refinado e crítico. “Tudo que faço tem humor. Um riso de Monalisa, sutil, subliminar, faz parte do meu processo de trabalho, que é o de realizar uma arte que tangencia a filosofia, incorpora a poética, e não seja apenas contemplativa, mas impregnada de dúvidas e aberta a interpretações”, diz.

Na abertura da exposição, Dacosta fará um show acústico com as canções do seu CD Livro ADJETOS (músicas feitas para objetos) utilizando sua viola de 10 cordas, além do violão de Marcelo Camera. Exibirá, ainda, sua peça musical Em Raios Fúlgidos (2013), uma vídeo-partitura interpretada ao vivo pelo fagotista Marcio Zen, e que faz parte do projeto Participatura - Metodologia do Espontâneo (composições musicais cujas partituras são vídeos projetados para os músicos interpretarem à sua maneira a escrita visual-musical) e mostrará sete vídeos conceituais – a serem projetados continuamente durante toda a exposição numa das paredes do MAC – dirigidos e produzidos por ele mesmo. 


Mais sobre os livros lançados em 2011:

ADJETOS é um CD Livro que contém 48 fotos coloridas de 22 esculturas e um CD de áudio encartado com 18 composições musicais feitas para esses objetos. Tem projeto gráfico do destacado designer Gringo Cardia, texto do artista plástico e crítico Ricardo Basbaum, e percorre a trajetória de 25 anos de trabalho de Dacosta com o tridimensional, que a partir da sua primeira exposição individual, em 1982, ficou mais conhecido como pintor. Tem participações de mais de 40 músicos e arranjadores de intensa atividade no cenário musical brasileiro como: Marcos Suzano, Lui Coimbra, Eduardo Neves, Luis Filipe de Lima, Paulo Malaguti, AC, David Ganc, Ana Azevedo, Mingo Araújo, Beto Cazes, Roberto Marques, Rodrigo Lessa, Paulo Rafael, Fernando Vidal, entre outros.

[tecnopoética] contém poesias visuais com humor instigante e crítico já nos próprios títulos: RECEPTOR DESCARTÁVEL DE IMPROPÉRIOS, OSCULADOR [protótipo para possível afeição], MÁSCARA FURTOFÓBICA, ABOTOADURAS PARA SUICIDA, AQUARELA EM GOTAS, ARITMÉTRICA, etc.


Opiniões sobre o artista:

Como recentemente escreveu Ferreira Gullar, no jornal Folha de São Paulo (Domingo, 6 de janeiro de 2013)

“São criações de gratificante originalidade, em que ele mescla objetos, cores, palavras, signos visuais, postos todos a serviço de um senso de humor que explora o nonsense. Ao contrário de outros artistas que tentam se impor pelo gigantismo das obras, Alexandre inventa pequenos objetos, à vezes “máquinas inúteis”, à La Picabia. (...)Trata-se de uma das manifestações mais inteligentes e criativas dentre as que vi ultimamente nesse gênero de arte”. 

“Para o público, o efeito mais sensível da teatralidade presente nos objetos de Alexandre Dacosta reside no humor implicado no contato com cada obra. (...) É como se a graça de cada trabalho só se manifestasse na e pela passagem do tempo. (...) Aliás, um objeto está para um objetivo assim como um adjeto está para um adjetivo”. MARCO VELOSO - Folha de São Paulo - 10.03.1989.

                      “Uma gramática do drama, uma comédia da matemática, 
                          esses Adjetos feitos de música, língua  abstrata da poesia”.                                      
                                                                       MIRIAM ASH - poeta e crítica de arte


Mais sobre o artista:

Alexandre Franco Dacosta é professor do Curso Fundamentação, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/ RJ. Realizou onze exposições individuais, RJ / SP - e mais de 70 coletivas no Brasil e no exterior, apresentando pinturas, esculturas, objetos ou instalações. Como cantor, músico e compositor, além de fazer trilhas sonoras para filmes e vídeos, criou, com sua mulher Lucília de Assis, a dupla “Claymara Borges e Heurico Fidélis" e gravou os CDs Cascata de Sucessos/1992 Leblon Records e Pirata Ao Vivo/2003, e como cantor Todos Por Um - Corator Canta Ubirajara Cabral/coral de atores/2004. Faz parte também do grupo Cantadores de Histórias, com Leda Lessa e Naldo Miranda. Como diretor e roteirista produziu 14 filmes de curta-metragem - 6 ficções, 3 documentários, 5 experimentais - tendo ganho 11 prêmios em festivais. Como ator, participou de mais de 40 filmes, 17 peças de teatro e musicais, diversos seriados, minisséries e novelas. Como poeta, participou do número 1 da revista Lado 7, da antologia poética República dos Poetas/Ed. Museu da República/2005, do libreto Vínculos de Equilíbrio/CEP 20.000/2004 e participou dos livros de artistas plásticos, Dialeto 1/1997 e Dialeto 2/2001, além de colaborar com áudios de poesias no programa semanal radiocaos.   

Alexandre cresceu em “berço plástico”, filho dos consagrados pintores Milton Dacosta e Maria Leontina, e também primo do compositor paulista Walter Franco, desde cedo começou a compor e fazer filmes Super 8. Advindo da Geração 80, como extensão de sua pintura construtiva, realiza desde 1987 esculturas e instalações acoplando diversos objetos industrializados numa convivência inusitada que faz referência à arte conceitual brasileira dos anos de 1970. 
                                                  
Exposição “Percursos de Coexistência Improváveis”, do artista Alexandre Dacosta
Abertura: 13 de julho de 2013
Em cartaz até o dia 25 de agosto de 2013
MAC de Niterói – Mezanino 
Endereço: Mirante da Boa Viagem, sem número
Informações: 2620-2400 ou 2620-2481

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