Acredito mais nas ideias simples, pois tenho medo das complexas, já que a vida me ensinou que, se a solução não for simples, decerto, ela criará novos problemas.
Como um clichê, ao responder essas questões, lembro que não se pode esperar muito de um mercado que anda não dispõe de formação específica para os profissionais que nele operam.
Formação profissional do marchand
Além de não termos cursos de formação de marchands, não há em nenhuma escola ou curso livre de belas-artes a cadeira ‘mercado de arte’. Também não dispomos de uma associação que congregue os marchands, em âmbito, municipal, estadual ou nacional.
Mesmo assim, sabe-se lá como, temos um mercado de arte que, volta e meia, dá sinais de fantástica vitalidade, mesmo com os sucessivos governos não ajudando muito. Não estou falando de incentivos fiscais ou de qualquer outra tutela governamental, pois sou contra esse tipo ajuda – digo isso no capítulo 19 do Manual do Mercado de Arte –, gostaria apenas que os governos não nos atrapalhassem e nos dessem a tranquilidade de uma economia sadia em todos os sentidos. A rigor, a saúde de qualquer mercado só depende disso.
A união faz a força
Mas será que é só isso? Decerto que não é. Antes da falta de formação, de informação e de terreno fértil – fatores que, de uma forma ou outra, temos contornado –, o que fundamentalmente nos falta, de uns anos para cá, é a UNIÃO do mercado de arte em todos os seus segmentos e, também, como um todo.
Antes, era comum, nos finais de semana, a reunião dos artistas em churrascos e feijoadas, quando desenvolviam seus trabalhos e se confraternizavam. Assim, os artistas trocavam ideias, experiências, informações, criavam grupos, núcleos, cooperativas, associações, etc. Hoje, o artista plástico vive isolado em seu ateliê.
Da mesma forma, até o final dos anos 1980, os marchands se reuniam em bares e restaurantes, após os leilões de arte, ou nos finais de tardes, em diversas galerias de arte. Frequentemente, os do Rio de Janeiro formavam grupos e viajavam para São Paulo e os de São Paulo vinham em caravana para o Rio de Janeiro.
Na década de 1980, os mercados do Rio e de São Paulo eram uma coisa só. Trocava-se tudo: ideias, experiências, informações e obras de arte. Os decanos transmitiam conceitos aos novatos. Não havia escola, mas se passava conhecimentos por tradição; agora, nem uma coisa nem outra, ficamos na base do cada um por si e Deus por todos.
As galerias de arte, mensalmente, organizavam mostras e outros eventos. Plantavam para colher, hoje, tratam o mercado como uma indústria extrativa.
Desculpem-me, mas não tem outro jeito, tenho que terminar com uma expressão surrada, que no mercado de arte quase ninguém conhece: a união faz a força...
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