terça-feira, 19 de abril de 2011

Lucílio e Georgina, uma história de amor que começou na Escola Nacional de Belas Artes

 Paulo Victorino (Pitoresco)   

      Ele estava na 4ª série da Escola Nacional de Belas Artes; ela acabara de entrar na academia e começava a aprender os rudimentos do desenho, passo inicial e importante para quem, um dia, pretenda ser um pintor de qualidade. Ele, veterano, a ajudava nas dificuldades de uma principiante e em pouco tempo, formou-se entre os dois uma forte amizade que, como é fácil adivinhar, acabou se transformando em uma história de amor.

     Ele era Lucilio de Albuquerque e ela Georgina, simplesmente Georgina.

     No caminho dos dois, uma vitória e um problema. Lucílio ganhou o cobiçado prêmio de viagem à Europa, com todas as despesas pagas, para aperfeiçoamento de sua arte junto a mestres europeus e ela, primeiranista, tinha ainda outros três anos a percorrer na escola. Foi então que tomaram uma medida radical. Ela trancou a matrícula, os dois se casaram e partiram juntos para a Europa, no que a jovem aluna, agora chamada Georgina de Albuquerque, saiu ganhando, pelo contato com a experiência do marido e, mais que isso, pela vivência com os grandes mestres europeus com os quais Lucílio tinha contato por força da bolsa.

     Lucílio de Albuquerque, que fez parte da terceira geração de alunos da Academia, tornou-se um grande pintor e mestre dos mestres. Georgina de Albuquerque, que o acompanhou até a morte, foi a primeira mulher a ocupar o cargo de diretor na Escola Nacional de Belas Artes, numa época em que a Academia era ainda dominada pelo "Clube do Bolinha".

     Lucílio morreu num 19 de abril de 1939, cujo evento se registra hoje (cuidado, não se comemora a morte de ninguém, apenas se registra o acontecimento, in memoriam.)

     Sobre ele, escreveu o crítico José Roberto Teixeira Leite:
     "Estilisticamente, pode-se dizer que Lucílio partiu das sombras para a luz, tornando-se sua paleta mais e mais clara, à medida que sua arte amadurecia
     Afastando-se gradativamente de uma concepção realista da forma, obtida com o emprego de sólido desenho, o artista chegaria, no final da carreira, a efeitos cromáticos quase expressionistas: pela modernidade e originalidade que ostentam, são muito apreciadas suas paisagens de tonalidades violáceas inconfundíveis, extravasadas numa textura opulenta, obtida à espátula.

     Conquistado pela pintura de plein-air, Lucilio tornara-se, em começos do Séc. XX, um dos representantes tardios do Impressionismo no Brasil; espírito curioso, ainda em 1920, com o Retrato de Georgina, procurava renovar-se, buscando então uma estilização e um despojamento de planos que, de certa maneira, o aproximam do Art Déco.
     Após sua morte, Georgina de Albuquerque organizou, na residência do casal em Laranjeiras (RJ), o Museu Lucílio de Albuquerque, cujo acervo de 127 obras hoje pertence ao Estado.

     Uma exposição póstuma, levada a efeito em 1940 pelo Ministério da Educação e Saúde, evocou o artista recém-desaparecido. E em 1977, para celebrar o centenário de seu nascimento, o Museu Nacional de Belas-Artes reuniu pinturas, aquarelas e desenhos tanto de Lucílio como de Georgina de Albuquerque."
 Lucilio

Lucílio na Wikipedia 

 À direita, outro retrato de Georgina, feito por Lucílio

Lucílio no Google Imagens

Georgina
Georgina na Pitoresco
(crônica de Paulo Victorino)



Georgina no Google Imagens

 Georgina


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