quarta-feira, 18 de maio de 2011

De pai para filho.


     Um dos meus dois filhos, Carlos Eduardo, quando tinha uns 22 anos, me fez uma consulta técnica sobre mercado de arte através do www.consultarte.com. E eu lhe respondi:

     Cadu, chistes à parte, muito obrigado pela sua consulta. Decerto, o melhor conselheiro de um filho sempre será o seu pai. Mãe, nem tanto, pois, ao que me parece, demonstra mais preocupação com as coisas do momento, passageiras e muitas vezes supérfluas, tais como: se roupinha está amassada, se comeu lanchinho todo, se está com tosse, se ralou o joelhinho na escola... 

     Mãe é do ‘lap’, do colo, do remanso. Pai é diferente, é do ‘over laping’, do lance futuro... Mãe também se preocupa com isso, mas o pai estará sempre ligado no futuro dos filhos. 

     Pai que é pai, não adota como filosofia dar o peixe, mas sim a de ensinar ao filho a fazer a rede, a pescá-lo e até a prepará-lo para comer. 

     Pai nunca pretende ser muleta de filho – malgrado, se necessário, se predisponha a isso –, quer vê-lo sempre recordista mundial dos 100 metros com barreiras, posto que na vida, meu filho, não há 100 metros rasos... Pai quer sempre ver os filhos recordistas das maratonas diárias da vida.

     Aliás, mãe e pai, por caminhos diferentes e complementares, têm só um objetivo: a vitória dos filhos, posto que, neste contexto, seja também a vitória deles. 

     Pai, basicamente, se preocupa com duas coisas na vida do filho: dar a ele uma boa formação cultural e colocar uma pitada de dificuldade na vida dele, isso se a própria vida não se encarregar de fazê-lo. Como já deixei nas entrelinhas, meu filho, a vida real é uma corrida de obstáculos, não tem ‘mamãezada’. Viver é competir.

     Falo com a minha própria experiência, mãe, é para reconhecimento instantâneo, quanto ao pai, é para sentir saudades no futuro.

     Se você me fez uma consulta, mesmo brincando, é porque deve estar querendo um conselho, mas como nessas coisas pai não economiza lhe darei dois:
  • antes de fazer qualquer coisa na vida, converse serenamente com o seu pai (quem não tiver, que eleja um) e o escute. Depois, faça o que lhe der na telha, afinal, o destino é seu. Mas não despreze anos e anos de experiência, que estarão, no início da sua vida, à sua disposição – até filho de bandido tem que ouvir os conselhos do pai, pois ele jamais haverá de querer o mesmo destino para o seu filho;
  • desculpe-me, mas se você quer ser fisioterapeuta, designer, professor de educação física ou exercer qualquer outra profissão, sou obrigado a lhe indicar a leitura de mais um livro que escrevi também para você e seu irmão: Manual do Mercado de Arte. Creiam – você e seu irmão –, o que escrevi no MMA e nos meus websites é pura experiência de vida. Muitos dos meus leitores têm-me dito que o que escrevo serve para todas as profissões. Não é que é verdade... 

     Acredito nos meus dois filhos, simplesmente, porque eles têm berço e aí a mãe é fundamental. Creio que seja por aí.

         Um beijão do seu pai – “embora isso seja coisa de mãe".




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