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Durante
50 anos, a Escola Panamericana de Arte e Design adquiriu obras de arte dos mais diversos artistas
nacionais e estrangeiros selecionados pelo critério mais certeiro, a intuição e
o saber histórico. É este acervo o objeto de um livro e de uma exposição que está em andamento na sede da instituição, à rua Groenlândia, nº 77, em São Paulo.
Panamericana Art’s
Collection.
Um pacto com a arte e a
cultura.
Jacob Klintowitz
O que pode haver em comum entre artistas
tão díspares quanto Hugo Pratt e Caciporé Torres? Ou entre Mira Schendel e
Rubens Gerchman? Parecem habitantes de planetas diferentes. E, no entanto, os
quatro, como muitos outros artistas, fazem parte do mesmo acervo e foram
escolhidos pelos mesmos olhos.
O encanto e o enigma do acervo de arte
da Escola Panamericana de Arte reside exatamente neste falso e aparente
paradoxo. Objetivamente os mais variados artistas, tendências e obras, convivem
numa única coleção e este encontro é um laço concreto de união. Existe outra
questão e esta é a mais importante de todas. E ela consiste em que os artistas
foram escolhidos pelo seu nível de qualidade e por sua capacidade de inovar e
ser criativo. Não se conhece melhor critério do que este para selecionar e
formar um acervo.
As coleções de arte tiveram e tem
importância fundamental na preservação das obras de arte. E, além disto, têm se
constituído, no mundo inteiro, em base iconográfica para a formação dos museus.
Existe um dado que enobrece e torna fundamental a formação de coleções
particulares. É o único espaço em que é possível formar um acervo, uma coleção,
um conjunto artístico, a partir de um olhar não convencional. Os museus,
pinacotecas, fundações, obedecem a critérios históricos. Selecionam os artistas
por participação em correntes culturais, favorecem grupos temáticos, estudam o
engajamento dos artistas em movimentos culturais, discutem a ideologia da sua
época e de que maneira reagiram a determinadas circunstâncias históricas. Ou
seja, o artista e a obra de arte não podem ser escolhidos ao acaso ou
simplesmente segundo o gosto de quem escolhe. É necessária uma justificativa
estética, cultural e histórica.
A coleção particular é o espaço da
intuição, do impulso, do gosto pessoal, do desejo e da paixão. É a arte vista
com o paroxismo da paixão. Ou a arte observada com o amor de perdição. No caso
desta Panamericana Art’s Collection a escolha de uma obra e de um artista é,
também, um aval de reconhecimento e de qualidade, pois quem escolhe é uma
instituição destinada ao ensino de arte e que fez um trajeto vitorioso no nosso
país.
Esta coleção é feita de artistas
notáveis e de gêneros e realidades diferentes. Existem nela pintores
tradicionais, artistas contestadores do status da arte, artistas de comunicação
e histórias em quadrinhos. Escultores, pintores, desenhistas da banda,
gravadores, abstratos, figurativos, nova figuração, realistas, fantásticos,
surreais, expressionistas, líricos, popartistas. O que os une é que, em algum
momento na sua trajetória, no seu percurso, deram uma contribuição única
para humanidade e a sua obra é um tesouro artístico, faz parte do
patrimônio espiritual e sensível da humanidade.
O
que une estes artistas da Panamericana Art’s Collecttion? A qualidade intrínseca
do trabalho, a criatividade, a capacidade de expressarem um momento da dúvida e
do prazer da humanidade e, especialmente, por terem sido selecionados por uma
escola de arte preocupada unicamente com a inovação e a criatividade do artista
e da obra.
Observem-se os nomes destes artistas,
todos eles hoje parte da história cultural, e que na época da aquisição de sua
obra, em muitos casos, eram apenas expectativas de um futuro: Antonio Henrique
do Amaral, José Roberto Aguilar, Oswald de Andrade, Luiz Áquila, Maciej
Babinski, César Baldaccini, Luiz Paulo Baravelli, Ricardo Barreto, Artur Barrio,
Jagoda Buic, Sergio de Camargo, Lothar Charoux, Bernardo Cid, Mario Cravo Jr.,
Wesley Duke Lee, Siron Franco, Jadir Freire, Rubens Gerchman, Karl Gerstner,
Ivald Granato, Mário Gruber, Jorge Guinle, Gottried Honegger, Tomoshige Kusuno,
Fernando lemos, Manabu Mabe, Roberto Magalhães, Amedeo Modigliani, Fernando
Odriozola, Antonio Peticov, Hugo Pratt, Nuno Ramos, Paolo Rissone, Hector Sapia,
Mira Schendel, Francisco Stockinger, Antoni Tapies, Caciporé Torres, Claudio
Tozzi, Victor Vasarely, Humberto Vellame, Henrique Vieytes, Nicolas
Vlavianos.
Por estes nomes, idades e percursos,
podemos dizer que este é um dos possíveis registros da nossa época. Aqui temos
quase um século de arte, manifestações e conceitos culturais. Nesta Panamericana
Art’s Collection há um pacto absoluto em favor da inovação, da criatividade, da
liberdade expressiva e da arte.
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