quarta-feira, 16 de outubro de 2013

São Paulo > Nesta próxima segunda feira, dia 21, a partir das 19h00, será inaugurada no Espaço Cultural Citi uma exposição com os trabalhos de Braz Dias e Astrid Salles.

Pitoresco - Principal

Hora do Brasil


Para saber o fuso horário de outras cidades do mundo, clique em http://is.gd/PQIvZ3



Esta é uma mostra especial, pois as pinturas de Braz Dias estão abrigadas em Coleções e não é fácil reuni-las. E a Astrid Salles num período de recolhimento e meditação criou estes estandartes, ainda inéditos, tão rememorativos das formas ancestrais e míticas.

Abaixo, uma série de fotos sobre a mostra e, depois delas,  um texto de Jacob Klintowitz – O flautista azul e os estandartes - sobre eles. Aproveitem











Braz Dias e Astrid Salles: 
o flautista azul e os estandartes.

Jacob Klintowitz

Sabemos de uma terra que está logo ali, próxima de nós, mas, apesar disto, ela está além e nunca a alcançamos. O pintor Braz Dias nunca precisou procurar por ela, não necessitou de nenhum cartógrafo, pois ele simplesmente vem de lá. É por isto que a sua pintura não é nostalgia, a alma com saudade da terra natal, da mítica Ítaca ou o tropismo em busca da pátria ideal.

A delicada e precisa fatura da pintura de Braz Dias está a serviço do registro da poesia de uma constelação visual extremamente rara. Na verdade, tão rara quanto a edição de um só exemplar, já que só ele canta esta gesta, a minuciosa descrição deste lugar, até então desconhecido, onde existe limpeza absoluta das cores, harmonia de formas suaves e personagens líricos, como o homem equilibrista, o pássaro da manhã, a mulher flor, o flautista, o boneco articulado e todas as portas e janelas se abrem para uma paisagem azul iluminada por um sol eterno.

Há um som subjacente nas pinturas e nos objetos de Astrid Salles. O ritmo visual é tão essencial neste trabalho que ele forma/cria uma tessitura que estrutura e delimita o seu destino. É o alfabeto desta escritura. A razão da aproximação da artista com as formas gráficas da cultura indígena se deve a afinidade com o seu desenho marcante e a capacidade de tornar o signo em símbolo. Os dados do cotidiano se tornam narração do permanente.

Os estandartes e os objetos-serpentes de Astrid Salles são a expressão amadurecida desta identificação com o ritmo melódico da linguagem pictórica. Ela os constrói com os elementos banais que existem ao seu redor e com o diálogo com a natureza mítica da elaboração indígena e a alegria das manifestações populares. Astrid Salles não recupera a cultura mítica ou reconstrói o folclore. Ela simplesmente utiliza os mesmos princípios para inventar o ritmo melódico dos seus objetos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.