segunda-feira, 18 de abril de 2011

Matusalém > Se estivesse vivo, Debret faria hoje 243 anos



      Jean-Baptiste Debret ou Debret (Paris, 18 de abril de 1768 — Paris, 28 de junho de 1848) foi um pintor e desenhista francês. Integrou a Missão Artística Francesa (1816), que fundou, no Rio de Janeiro, uma academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes, onde lecionou pintura.

     De volta à França (1831) publicou Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839), documentando aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no início do século XIX.

     Uma de suas obras serviu como base para definir as cores e formas geométricas da atual bandeira republicana, adotada em 19 de novembro de 1889.

     A derrota de Napoleão, em 1815, foi um golpe duro aos artistas neoclássicos, que perderam o principal pilar que sustentava – financeira e ideologicamente - a arte neoclássica. Isto, somado com a perda do filho único, de apenas dezenove anos, abalara muito Debret.
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     No mesmo período, ele e o arquiteto Grandjean de Montigny foram convidados à participar de uma missão de artistas franceses que rumava para a Rússia a pedido do Czar Alexandre I da Rússia. Mas, paralelamente, se aprontava em Paris a missão ao Brasil, chefiada por Joachim Lebreton, por solicitação de Dom João VI. Debret - assim como Grandjean de Montigny - escolheu o Brasil.
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     A Missão embarcou em Le Havre a 22 de janeiro de 1816. Calpe, o veleiro norte-americano que trazia a Missão, aportou em território brasileiro em 26 de março de 1816. A missão foi planejada por António de Araújo e Azevedo, o conde da Barca, que escrevera ao Marquês de Marialva, embaixador de Portugal em Paris, pedindo-lhe que cuidasse da vinda de uma missão artística, missão que, entre outros objetivos, idealizaria e organizaria a criação de uma Academia de Belas Artes.






Existiu, mesmo, a Missão Francesa?

  Paulo Victorino (Pitoresco)  

     Em 1816, aportou no Rio de Janeiro um navio trazendo o que ficou conhecido por Missão Francesa. Eram os principais nomes da arte naquele país, nas mais variadas modalidades, como pintura, escultura e arquitetura. Pela lenda, D. João 6º, desejando implantar uma arte genuinamente nacional, teria assinado acordo com artistas franceses objetivando criar no Brasil uma universidade para ensino, aos tupiniquins, das técnicas artísticas em uso na Europa, o que motivou a vinda deles ao nosso país.

      O tempo se encarregou de desmitificar a Missão e hoje se tem uma idéia mais clara das razões da vinda de tão ilustres artistas para ensinar arte aos brasileiros com talento para desenvolvê-la.

      Após a queda de Napoleão, em 1812, a França entrou em anos de turbulência, com uma instabilidade muito grande, acirrada por grupos de pressão consideráveis disputando o poder. Ora, artistas dependem de um mecenas que lhe encomendem obras e o maior de todos, em todos os tempos, é o governante, que detém o poder e o dinheiro. Sem ele, por falta de recursos, seria impossível levar adiante e cristalizar o talento artístico dos que vieram a se tornar os grandes nomes da arte.

      Não por acaso, os artistas da Renascença, que implantaram o Humanismo em substituição à visão teocêntrica dos períodos anteriores, valorizaram o homem como centro de sua arte, mas continuaram a desenvolver a pintura religiosa, para atender às encomendas que lhes eram feitas. Mudou o estilo, mudou a concepção, mas o tema continuou sendo ditado por aqueles que pagavam.

     Voltando agora à França, para garantir serviço à farta, os artistas estavam visceralmente ligados ao poder e, com a instabilidade política pós Napoleão, ficaram à mercê do julgamento dos novos líderes, como participantes do governo deposto, correndo risco de prisão ou coisa pior. Foi nesse contexto que um grupo de grandes artistas resolveu alugar uma embarcação para safar-se da França, passando primeiro por Portugal e em seguida, zarpando para o Rio de Janeiro.

     E assim, em 1816, chegaram ao Brasil nomes de peso, como Nicolas Antoine Taunay, Jean Baptiste Debret, Auguste Henri Victor Grandjean de Montingy e Marc Ferrez, entre outros. Vieram sem lenço nem documento, sem contrato de trabalho, nem emprego definido, passando a ser, ao mesmo tempo um problema e uma oportunidade. para o Reino.

     Coube a D. João 6º encaminhar a solução, criando no papel, e apenas no papel, a Escola Real de Belas Artes, que não tinha sede, nem chegou a funcionar, mas que estabelecia cargos de diretor e professores, sendo os recém chegados nomeados para esses cargos, os quais passaram a receber proventos que, se não eram grande coisa, ao menos lhes permitiam dar os primeiros passos para seu estabelecimento no país,  ja que estavam livres para dar aulas particulares, não só para complementar a renda como para cumprir a finalidade real de ensinar arte aos da terra.

     Somente dez anos depois, em 1926, já no governo de D. Pedro 1º, é que foi criada, de fato e de direito, a Escola Nacional de Belas Artes e, anexo a ela, o Museu Nacional de Belas Artes, este último com o fim de adquiri as obras premiadas pela  Escola ao final de cada ano, criando o acervo artístico brasileiro.

     A Escola existe até hoje, agora como anexo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Museu continua no Rio de Janeiro com vida própria e reune toda uma história da arte brasileira desde 1816.
     Do trabalho dos artistas franceses e da Escola Nacional de Belas Artes, surgiu a arte genuinamente brasileira, com nomes como os pintores Manuel de Araújo Porto Alegre (1806-1879) e August Muller (1815- 1883), o escultor Francisco Manuel Chaves Pinheiro (1822-1884) e o arquiteto José Rodrigues Moreira (1828-1898).

     Se existiu ou não a Escola Real de Belas Artes, isso é uma discussão bizantina. A chegada dos artistas franceses ao Brasil, em 1816, foi a certidão de nascimento da arte brasileira e os mestres da chamada Missão Francesa desempenharam importante papel na formação de uma arte nacional.

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