quinta-feira, 24 de março de 2011

E o mercado de arte gaúcho?

João Carlos Lopes dos Santos
    Tenho um grande apreço pelo povo do Rio Grande do Sul. Fui muito bem recebido quando estive lá e, também, pelos gaúchos que vivem no Rio de Janeiro e em outras plagas.
     Provavelmente por isso, já que aconteceu naturalmente, o "Manual do Mercado de Arte", de minha autoria e editado pela Júlio Louzada Publicações-SP em 1999, começa e termina falando do Rio Grande do Sul.
     Escrevi este artigo em dezembro de 2003 e o atualizei em janeiro de 2007.
No Rio de Janeiro
     Os profissionais de mercado gaúchos, decerto, são os mais atuantes do país. É verdade. Eles são encontrados em todos os mercados de arte. Jones Bergamin, Laura Marsiaj, Renato Rosa e Eloísa Bergamin Muccillo, entre outros, estão trabalhando no mercado do Rio de Janeiro.
     Os irmãos Pedro e Paulo Scherer, cada qual com seu antiquário, são apenas dois exemplos dos diversos gaúchos que emigraram para fortalecer o antiquariato do Rio de Janeiro nas últimas décadas.
Em São Paulo
     O meu amigo Roberto Ibarra Silveira, já há alguns anos, vive e trabalha como marchand no mercado de São Paulo. Os gaúchos radicados em São Paulo, à exceção de Roberto Silveira, estão todos no ramo de antiguidades. Ao todo, são cerca de dez profissionais.
     Nas minhas conversas com Roberto Silveira, soube da memorável sentença do crítico de arte Jacob Klintowitz – gaúcho também, que morou  no Rio e vive em São Paulo há muitos anos –, a respeito do êxodo dos artistas gaúchos. Ele disse certa feita: "O Rio Grande do Sul não exporta arte, exporta artistas".
     Lembrando do que disse Klintowitz, agora a respeito da emigração dos marchands de lá, eu diria: o mercado de arte gaúcho é nacional: forma e exporta profissionais para todo o país.
Os artistas plásticos
que emigraram
     Vejam como Klintowitz tem razão. Tudo começou com os artistas Araújo Porto Alegre e Pedro Weingärtner. Continuou com os saudosos Libindo Ferraz, Leopoldo Gottuzo, Carlos Scliar, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Avatar de Morais, Jacintho Moraes, Glauco Pinto de Moraes, Paulo Houayek, Glauco Rodrigues, entre outros.
     Chegamos, então, aos artistas em atividade em outros mercados: Regina Silveira e Herton Roitman que estão em São Paulo; Carlos Vergara, Júlio Castro, Magliani e a escultora Sônia Ebling, que estão no Rio de Janeiro; Glênio Bianchetti, em Brasília; entre outros.
Os críticos de arte
que emigraram
     Os críticos de arte gaúchos também emigraram. Além do Jacob Klintowitz, estão radicados em São Paulo Carlos Scarinci e Angélica de Moraes. Para o Rio de Janeiro foram Walmir Ayala, Francisco Bittencourt, Gerd Borheim, Jayme Maurício, entre outros.
Os marchands que
estão no sul
     São estes os marchands que, hoje, trabalham no mercado dos pampas: Décio Presser, da Arte&Fato; Jorge, Ronaldo, Patrícia e Roberta Karam, todos da Sala de Arte de Porto Alegre; Marisa Soibelmann, da galeria de arte que tem o seu nome; Tina Zappoli, da galeria de arte também com o seu nome; Marga Pasquali, titular da Bolsa de Arte de Porto Alegre; Vera Schneider, da Galeria da Vera; Regina Galbinski Teitelbaum e Renata Galbinski Horowitz, da Gravura Galeria de Arte; Paulo Raimundo Gasparotto e Elias da Rosa, que organizam leilões em Porto Alegre, entre outros profissionais de mercado.
     Por informação de Roberto Silveira, marchand gaúcho radicado em São Paulo, a mais nova galeria de Porto Alegre, inaugurada no final de 2006, com área de mais de 400 m2, na mesma quadra da Sala de Arte, chama-se Casa Arte e tem a direção de Darwin Longoni, um ex-empresário do setor de equipamentos elétricos.
     Sou avesso às injustiças. Se você se julga merecedor de constar de quaisquer das listas acima, desculpe a minha falta de informação. Por favor, peço-lhe que me escreva falando da sua atuação no mercado gaúcho e a injustiça será corrigida. Por outro lado, tendo qualquer tipo de sugestão ou crítica, por favor, escreva-me.
Os artistas plásticos
     Para nomear aqui os artistas gaúchos em atividade no Rio Grande do Sul, só há um jeito de não se cometer injustiças: basta recomendar uma consulta ao "Dicionário de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul" – Editora da Universidade (UFRGS) –, da lavra de Renato Rosa e Décio Presser. Trata-se de um importantíssimo trabalho, um exemplo a ser seguido por todos os mercados de arte.
Bienal do Mercosul
     Quando se fala em mercado de arte, obrigatoriamente, temos que aplaudir a Bienal de Artes Visuais do Mercosul.
      Para quem não lembra, em meados dos anos 90, um grupo de artistas plásticos, empresários e políticos do Rio Grande do Sul se uniram para lançar as bases da Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Surgiu, então, a Fundação de Artes Visuais do Mercosul; frise-se: uma fundação de direito privado.
     Dessas Bienais, participam Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, além de países convidados. A primeira edição foi em 1997 e, em dezembro de 2005, foi realizada a quinta Bienal.
     Assim, como se vê, a seu modo, o mercado gaúcho vai muito bem.

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