Homem dos sete instrumentos, Tomás Santa Rosa marcou indelével presença na vida artística e intelectual do país, não se limitando à pintura propriamente dita mas procurando fazer uma ligação entre esta e as demais artes, como a literatura e o teatro.
Se a morte não o colhesse na juventude de seus 47 anos, por certo teria estendido suas experiências também para a arte televisiva e para a aplicação de recursos de informática no trabalho, já que nada escapava à sua aguda percepção.
Observador atento e com vasta bagagem intelectual, dedicava-se à experimentação incessante, não perdendo qualquer oportunidade que lhe surgisse para ampliar a aplicação artística de novas tecnologias.
Tomás Santa Rosa nasceu em João Pessoa, Estado da Paraíba, em 1909, e ali mesmo se tornou funcionário público, garantindo um futuro certo como burocrata, sem ter nada mais com que se preocupar na vida.
Todavia, incapaz de se submetar a uma rotina de trabalho e ver os dias se passarem, sempre iguais uns aos outros, em 1932, resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro para estudar canto, seguindo os conselhos de alguns especialistas que o incentivaram a cultivar sua excelente voz de barítono.
Autodidata por vocação, Santa Rosa tomou contato com a pintura e daí, valendo-se dos recursos que uma cidade de porte tinha condições de oferecer, estendeu suas atividades por tudo mais que aparecesse à frente. Foi ilustrador, diagramador de publicações, cenógrafo, figurinista, professor de pintura, crítico de arte e, de quebra, desenhava capas para livros e criava desenhos e pinturas para artes gráficas.
Na imprensa, foi destacada sua atuação como crítico de artes. No teatro, ficaram famosos alguns de seus cenários, como aquele criado para o lançamento da peça «Vestido de Noiva», obra prima de Nelson Rodrigues.
Sem esquecer, todavia, seu passado de funcionário público, ligou-se a atividades governamentais, nas quais sempre saiu-se muito bem. Recebendo convite oficial, assumiu a responsabilidade de mudar o aspecto gráfico dos livros editados pelo Serviço de Documentação do Ministério da Educação, criando novos conceitos de artes gráficas na imprensa oficial, até então impermeável a mudanças.
Sempre dentro de sua atividade artística e intelectual, participou de missões oficiais ao exterior e se achava em uma delas, na Índia, em 1956, quando, vítima de um mal súbito, veio a falecer.
Tão intenso trabalho, em tantos e tão variados setores, de uma só vez, se de um lado mostrou sua versatilidade e intenso saber, de outro prejudicou sua maior dedicação à pintura, que se situou como apenas uma, dentre outras tantas iniciativas.
Assim, o que deixou como pintor foi apenas uma pequena amostra do que teria podido realizar se a pintura fosse, como opção própria, a sua principal ou única atividade. Todavia, a gênios, não se pode estabelecer limites: seu espaço é tão infinito como o grande universo; seu tempo é tão longo quanto a eternidade, que nem a morte consegue deter. (Texto de Paulo Victorino)VEJA IMAGENS
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