A vinda ao Brasil
Yolanda Lederer Mohalyi nasceu em Kolozsvar (Transilvânia, Hungria), em 1909, e faleceu em São Paulo (Brasil), em 1978.
Ao chegar em nosso país, no ano de 1931, já tinha familiaridade com a pintura, de vez que, em sua terra natal, cursara a Real Academia de Belas-Artes de Budapeste.
Radicando-se na cidade de São Paulo, a pintora ingressou no Grupo dos Sete, um bem selecionado núcleo de artistas, do qual faziam parte Victor Brecheret e Antônio Gomide.
Encontro com Lasar Segall
Mas a grande amizade, que marcou sua carreira, foi a de Lasar Segall. O mestre havia estado aqui em 1913, regressando no ano seguinte à Alemanha. Vindo ao Brasil, pela segunda vez, em 1922, logo após a Semana de Arte Moderna, Segall instalou-se definitivamente em nosso país, exercendo influência sobre muitos jovens pintores que ambicionavam subir os degraus da fama.
Para Yolanda Mohalyi, era a melhor oportunidade que poderia encontrar para se desenvolver. Oriundo também do Leste Europeu (Segall era lituano), havia facilidade de comunicação entre os dois, e como o mestre tinha uma vasta experiência adquirida na Alemanha, onde participou de movimentos modernistas, e onde lecionara na Real Academia, ele exerceu uma forte influência sobre a artista, criando mesmo uma relação de dependência da qual ela custou a se libertar.
Com efeito, Mohalyi, que praticava uma pintura figurativa, voltada para o pós- impressionismo, assimilou o estilo expressionista como uma cópia carbonada de seu mestre. Somente vinte anos mais tarde conseguiu ganhar autonomia plena, iniciando uma fase de abstração, na qual permaneceria até o fim da vida.
Uma pintura mística
Yolanda Mohalyi expôs sua obra como poucos o fizeram, realizando incontável número de individuais, além de participar de quase todos eventos de arte moderna realizados em São Paulo, com passagens também pelo Rio de Janeiro e exposições no Exterior.
Era profundamente religiosa e a arte praticada, conforme suas próprias palavras, adquiriu um sentido místico cósmico. É ela mesma que declara:
«Além do sentimento puramente humano em relação ao sofrimento, tenho, e certamente todos nós temos, em escala diferente, uma consciência coletiva que nos questiona, nos culpa e nos impõe um dever para com o próximo. É isto o que eu sinto e a que procuro responder.»
Parte do acervo pessoal da artista, após a morte, foi doado pelos seus herdeiros ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o qual também ficou com os arquivos da pintora, pelos quais é possível reconstituir sua trajetória, desde a chegada ao Brasil. (Texto de Paulo Victorino)
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