segunda-feira, 20 de junho de 2011

Arte moveleira > Aos 93 anos, morre Armando Cerello, de uma família que transformou o vime em arte

Folha de S. Paulo - 20 de junho de 2011


ARMANDO CERELLO (1918-2011)

Manteve uma tradição centenária

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO


O empresário Armando Cerello era tão apegado ao trabalho que torcia para as segundas-feiras chegarem logo. Graças ao seu esforço, manteve vivo o negócio iniciado pelo pai 109 anos atrás.


Filho de imigrantes italianos que vieram ao Brasil para trabalhar numa fazenda de café em Leme (SP), ele nasceu em São Paulo. Anos antes, o pai montara, em 1902, uma fábrica de vassouras e escovas na capital paulista.




A partir de 1925, a empresa começou a variar seus produtos. Primeiro, fez cestas para revestir garrafões de vinhos. O empalhamento, com vime, facilitava na hora de servir a bebida, pois criava uma alça.O contato do empresário com as fibras naturais fez surgirem novas ideias, como cestas de frutas e roupas, até levar à produção de móveis.


Como queria ser independente, Armando, que começara com o pai, abriu sua fábrica, com o seu nome, em 1940. Já a empresa do pai acabou porque ninguém mais da família quis tocá-la.Só Armando seguiu no ramo de móveis e decorações. A mulher, Josephina, trabalhou com ele a vida toda.




Quando o filho, José Armando, se formou em economia, recebeu uma proposta para trabalhar numa multinacional. O pai chorou, sentindo que o negócio fosse acabar, mas o filho declinou a oferta.


Hoje, a Armando Cerello, mais antiga do ramo, é comandada por seus netos.O empresário trabalhou até os 85 anos. Viúvo desde dezembro, morreu aos 93, em decorrência de uma pneumonia, no sábado (11), dia em que completaria 71 anos de casamento. Teve dois filhos e quatro netos. 




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