segunda-feira, 27 de junho de 2011

No Varandão da Saudade VII - Os anos tranquilos



Nós éramos felizes
e não sabíamos




     Como vocês já sabem, durante o Carnaval de 2002, na varanda lá de casa, conversava com o Brumel Delano – o meu alter ego virtual, aquele que mora no meu computador – e chegamos à conclusão de que éramos felizes e não sabíamos...  

Os anos tranquilos 

     Vivi a melhor fase do Rio de Janeiro. Vejam como era a Cidade Maravilhosa de 1950 a 1970. Foram os anos tranquilos do Rio de Janeiro e, creio eu, em todas as grandes cidades do país. Mas população do Rio de Janeiro e do país era muito menor do que hoje, diriam alguns... Vamos deixar os porquês para lá.

    A saúde pública funcionava muito bem. Aos sete anos, em 1951, tive uma crise de apendicite aguda resolvida com uma cirurgia no Miguel Couto, para quem não é daqui, trata-se de um dos hospitais públicos de pronto-socorro do Rio de Janeiro. Tudo por conta do governo e com muita qualidade.

     A educação e cultura também eram de excelente qualidade. Posso estar errado, mas me parece que naquela época havia mais bibliotecas públicas do que hoje. As escolas públicas e universidades do governo funcionavam muitíssimo bem. Havia concurso público para se ingressar nesses estabelecimentos de ensino, já que as vagas eram poucas, mas só entravam os melhores. Havia muito poucas escolas e universidades particulares. Um título de doutor era muito respeitado.

     É verdade que a polícia vivia às voltas com furtos de galinhas, de roupas nos varais, de litros de leite e pães, que eram deixados pelos fornecedores domiciliares nas soleiras das portas. Estes últimos, sem dúvida, não famélicos, mas sim por pura molecagem das moças e rapazes que voltavam dos bailes de madrugada. Crime de morte era coisa rara e, quando acontecia, quase sempre passional, era noticia durante anos. O julgamento era coberto pela televisão, que obrigava o já falecido repórter Hilton Gomes a fazer vigília na porta do antigo Fórum da Rua Dom Manuel, onde hoje está o Museu da Justiça do TJRJ. Esses crimes causavam grande comoção na sociedade.

Saúde e Paz

     O governo, nas três esferas, previa e provia as nossas necessidades fundamentais. Não nos fazia favor, já que é da alçada do governo dar ao povo justiça, segurança, saúde, educação e cultura. Ou como se dizia à época: ‘Saúde e paz, que o resto a gente corre atrás’. 
   Como as coisas mudaram...

     Hoje, tenho uma segurança perfeita dentro de casa, um bom saneamento básico, uma saúde de primeiro mundo, a melhor educação e cultura, tudo em caráter particular, pago mensalmente por mim e a peso de ouro. 





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