13 de junho de 2011
Polonês que não sabia reclamar
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Se dissessem perto de Mozes Manfredo Kostman que São Paulo é uma cidade violenta, ele responderia que não, que nunca fora assaltado. Quem reclamasse do trânsito da capital ouviria que não é bem assim: basta saber os caminhos certos para evitar congestionamento.
Reclamação era uma palavra que não fazia parte de seu dicionário, brinca a família.
Mozes, chamado de Fred pela família, era um polonês que até a adolescência peregrinou com a família pela Europa, fugindo do nazismo.
Morou na Alemanha, fez parte dos estudos na França e passou um tempo em Marrocos, até a família conseguir, em Portugal, os vistos para poder viver no Brasil.
Chegou ao país por volta dos 15 anos, com o pai, a mãe, e mais quatro irmãos. Fez questão de aprender o português corretamente -era o único da família que não tinha sotaque. Apesar disso, manteve a mania de contar dinheiro em francês.
No Rio, onde morou por um período, conheceu a mulher, a lituana Ester. Lá, casou-se e teve os filhos, até que, em 1967, veio definitivamente a São Paulo.
O início profissional foi com lapidação de joias. Depois entrou para a área de vendas de enciclopédias. Foi com tratamento de superfície, porém, que ele viria a trabalhar até o final da vida.
Em 1968, ajudou a fundar a ABTS (Associação Brasileira de Tratamentos de Superfícies), da qual foi presidente por três vezes. Ultimamente, dava consultoria a empresas.
Viúvo desde 2007, morreu no dia 6, aos 85 anos, de insuficiência renal e septicemia. Teve dois filhos e duas netas.
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