* * *
São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011 |
CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS "De Dentro e de Fora" mostra paralelos entre "street art" e arte contemporânea FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA Arte urbana ou "street art" é uma dessas categorias forjadas para defender algum tipo de proposta artística. No caso, a arte criada nas ruas. Foi assim com a videoarte, por exemplo, que nos anos 1980 ainda não tinha espaço garantido dentro das galerias e museus e, por isso, merecia mostras específicas. Hoje, mesmo um festival como o Videobrasil deixou de se dedicar apenas à videoarte, já que essa linguagem se inseriu no circuito. "De Dentro e de Fora", em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp), aponta que a chamada arte urbana está no mesmo caminho, pois pode ser simplesmente vista como uma ótima mostra de arte contemporânea. Com curadoria de Mariana Martins, Baixo Ribeiro e Eduardo Saretta -donos da galeria Choque Cultural-, a exposição traz nove artistas. Oito deles são estrangeiros, ao contrário da primeira edição, composta principalmente por brasileiros. Montada no monumental hall inferior do museu, a exposição aponta como esse grupo de artistas deu conta de ocupar o espaço, sem simplesmente mimetizar o trabalho de rua, em geral o local e a origem dos artistas. Um dos melhores exemplos é o artista tcheco Point, que criou um conjunto de objetos tridimensionais interativos, mas que vistos de cima representam as letras que formam seu próprio nome. No conjunto, tal obra lembra tanto uma praça pública como um dos famosos penetráveis de Hélio Oiticica. Assim, não há mais contradição entre dentro e fora, como se no externo a ação fosse sempre algo próximo da ilegalidade e no interno a sua cooptação. Outro bom exemplo é a obra do francês JR, que espalha imensas imagens em locais de públicos de várias cidades, seja nas margens do rio Sena, em Paris, seja numa favela carioca. A documentação dessa ação, contudo, que é o que se vê na mostra, não é um mero registro, mas filmes que valem por si mesmos. Claro, nem todos os trabalhos conseguem alcançam esse balanço, como as intervenções com azulejos do francês Invader, que estão espalhadas tanto nas ruas da cidade -algumas já até eliminadas- como em alguns espaços do próprio museu. Mas, afinal, obras como essa são a memória da origem dessa linguagem: a busca por transformar o espaço urbano. Felizmente, elas também representam a transformação do museu . DE DENTRO E DE FORA QUANDO de ter. a dom., das 11h às 18h; qui., das 11h às 20h. Até 23/12 ONDE Masp (av. Paulista, 1.578, tel.: 3251-5644) QUANTO R$ 7 a R$ 15 CLASSIFICAÇÃO livre AVALIAÇÃO ótimo |
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.