sábado, 4 de junho de 2011

Aos desistentes, o bambu chinês





A história do bambu chinês, decerto, é muito conhecida. Ela serve para reflexão, mormente  àqueles que querem fazer do imediatismo a mola propulsora de suas vidas.
Marcos tinha um sonho

     O texto nos reporta ao sucesso de muitas pessoas que conhecemos em várias áreas de atuação profissional. Pessoas que, aparentemente, tinham tudo para dar errado na vida, mas acabaram atingindo os mais altos patamares do sucesso. Preferiram acreditar nos seus sonhos e deram de ombros aos conselhos recebidos – ainda que muitas vezes lógicos e dados por pessoas bem intencionadas. Acreditando em si, deram foco aos seus objetivos, foram fundo e acabaram por cristalizar os seus sonhos.

     Poderia contar histórias de esforçados e talentosos artistas, de estudantes, de profissionais de atividades diversas, mas vou lhes dar um exemplo de persistência, de paciência, de uma pessoa que acreditou no seu próprio taco e deu foco absoluto ao seu objetivo. 

     Vou lhes contar a história de Marcos Evangelista de Morais, paulistano e nascido em 1970, que tinha um sonho na vida: ser jogador de futebol. Menino ainda, diariamente, Marcos saía atrás das chamadas ‘peneiras do futebol’ da Grande São Paulo, em busca da cristalização do seu sonho, mas era sistematicamente cortado ou barrado, com o aviso para que não voltasse no dia seguinte. 

A ‘mea culpa’ do olheiro

     Em depoimento a um programa de televisão, o ‘olheiro da peneira’ – não lembro o nome dele –, hoje aposentado, fez o seu ‘mea culpa’. Na década de 1980, era ele quem promovia as mais importantes ‘peneiras’ da Grande São Paulo.

     Resumindo, foi ele o responsável por inúmeras dispensas do garoto Marcos em suas ‘peneiras’, até que um dia tirou o Marcos da fila de inscrição para uma conversa séria.

     Disse ele ao garoto: Marcos, meu filho, você é um bom menino, aplicado, esforçado, muito educado e saiba que eu gosto muito de você. Por tudo isso, eu vou lhe dar um conselho. Já o cortei um monte de vezes das minhas ‘peneiras’ e você ainda insiste... Vai estudar, meu filho, você não dá para isso. Futebol é para poucos. Se você não estudar, o que será do seu futuro? Vai estudar, Marcos...

     Em tenra idade, iniciou sua carreira no Itaquaquecetuba, do interior de São Paulo. Mas sempre sonhou jogar num time grande. Fez nove testes no São Paulo Futebol Clube e oito vezes foi recusado. Na nona vez, ele foi aprovado para as divisões de base.

     Muito rapidamente, chegou ao time titular do São Paulo Futebol Clube e aos vinte anos de idade foi convocado pela primeira vez – pelo técnico Paulo Roberto Falcão – para a Seleção Brasileira e a partir daí virou hábito vestir a amarelinha.

     Mesmo assim, as críticas não pararam. No início de sua carreira no São Paulo Futebol Clube, jogando sob a batuta de Telê Santana, seu mestre e incentivador, mesmo colecionando títulos, muitas vezes amargou a incompreensão e críticas da torcida e da imprensa. As críticas só atenuaram em 1994, depois que foi campeão na Copa do Mundo realizada nos Estados Unidos. As críticas atenuaram, mas não pararam, posto que persistam até hoje, mas vamos pular essa parte... 

Um colecionador de títulos

     Encurtando a história mais ainda, Marcos foi campeão paulista de 1989, 1991 e 1992; campeão brasileiro de 1991; bicampeão da Taça Libertadores da América em 1992/3; bicampeão mundial interclube em 1992/3; campeão da Supercopa das Taças Libertadores da América em 1993; bicampeão da Recopa Sul-Americana em 1993/94, até esse momento jogando pelo São Paulo Futebol Clube. 

     Depois, uma rápida passagem pelo Zaragoza, da Espanha, onde teve tempo de ser campeão da Recopa Europeia em 1995; depois, uma meteórica passagem pelo Juventude-RS, a caminho do Palmeiras-SP. Em 1996, foi novamente campeão paulista e vice da Copa Brasil, jogando pelo Palmeiras. 

     Jogando pelo Roma da Itália, recebeu o scudetto de campeão italiano da temporada 2000/2001. Em 2003, se transferiu para o Milan e ganhou outro scudetto na temporada 2003/2004. Vocês não têm ideia do que seja, para os jogadores que jogam na Itália, ganhar dois scudettos, ainda mais jogando por clubes diferentes...

     Em maio de 2006, um mês antes de completar 36 anos – nasceu em 7/6/1970 – esbanjando talento e uma força física invejável ele foi convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira para disputar sua quarta Copa do Mundo, a realizada na Alemanha. Marcos é o atleta recordista em convocações e atuações pela Seleção Brasileira: foi convocado 182 vezes e jogou 150 partidas com a camisa da CBF. Com 20 partidas, também é o recordista brasileiro em jogos da Copa do Mundo. Cristaliza outro recorde: 16 vitórias em jogos disputados em Copas do Mundo. Foi duas vezes campeão mundial, em 1994 e 2002, o que o coloca no pequeno e seleto grupo de jogadores que conseguiram dois títulos de campeões mundiais entre seleções. Mais um recorde: em 2006, comemorou seu décimo sexto ano como jogador da Seleção Brasileira, superando Pelé que nela jogou por 14 anos. Titular absoluto da Seleção Brasileira a partir da final da Copa de 1994 é detentor de um recorde mundial: foi o único jogador que disputou, consecutivamente, três finais de Copa do Mundo. Tudo isso pode ser verificado no website da Confederação Brasileira de Futebol. 

Mas quem é esse Marcos?

     É o jogador de futebol que mais conseguiu títulos importantes no cenário internacional e, na mesma proporção, o que mais recebeu incompreensões e críticas em sua terra natal. É um cidadão generoso, mesmo quando radicado na Itália, não se esqueceu de fazer filantropia no Brasil. Marcos é um atleta-referência do futebol internacional, mormente, pelo caráter, profissionalismo e inquestionável persistência que imprime em tudo que faz. Você ainda não sabe de quem se trata? Você já ouviu falar do Cafu? O capitão da Seleção Brasileira que levantou a Copa do Mundo no Japão. Faça, então, como ele, não se abata com o que dizem os críticos de plantão e tenha em mente esta verdade axiomática: a primeira pessoa que deve acreditar em você é você mesmo. Jamais espere o reconhecimento alheio. Quem acredita em si tem maiores chances de se tornar um vencedor.




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